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OBRAS IMPORTANTES DE GUIGNARD EM DESTAQUE
COM A ANÁLISE DO PROFESSOR PIERRE SANTOS
Aula no Parque Municipal, BH, 1942, 004-42, osm, 38 X 47 cm.
Este foi o primeiro quadro e a primeira paisagem do Parque Municipal pintado por Guignard em Belo Horizonte, dois anos antes de para cá transferir-se definitivamente. Já havia estado em Ouro Preto no ano anterior, quando despertou com força seu amor por aquela cidade, tendo pintado lá então o seu primeiro “Ouro Preto”, que veremos mais adiante. Seus alunos e amigos, que aqui fizera desde a primeira vez que visitou Minas, levaram-no em 1942 para conhecer o nosso Parque Municipal, onde o mestre lhes deu uma aula de paisagem e aproveitou para também pintar um quadro.
Este “Aula no Parque Municipal”, luxuriosamente trabalhado, é um encantamento ao primeiro olhar. Quando paramos para observá-lo melhor, aí o encantamento se transforma em paixão. É desses quadros que, uma vez vistos e assimilados, nunca mais são esquecidos. Sua atração reside toda no tratamento pictórico que lhe foi dado e no corajoso enfrentamento de uma difícil neutralização dos elementos contrastantes que se topam na composição, tão bem e naturalmente apaziguados, que nem notamos o perigo de desequilíbrio que ameaçava a pintura o tempo todo.
Guignard começou marcando a carvão a posição verticalizada dos troncos, a distribuição de seus pupilos e a localização inclinada da aleia. Nesse primeiro esboço, não se preocupou em marcar a folhagem, pois já havia observado e assimilado a paisagem, tendo-a já solucionada na mente e sabendo como resolver todo o conjunto. Depois deu início à pintura pela parte inferior, mormente pelo canto esquerdo da superfície ou à direita de quem vê o quadro, onde quis homenagear seu discípulo Jefferson Lodi. Pintou-o neste local desenhando de costas a pequena construção à sua frente, e colocou um peso grande nesta parte, pondo ali vários elementos em vermelho e nesta cor assinou a obra. Ora, a aleia assim meio inclinada exerce acentuado empuxo na direção de nossa direita. Todavia, o artista com segurança pintou uma árvore de grosso tronco, fazendo moção contrária à da aleia, portanto neutralizando o dito empuxo. Estava equilibrada a composição, que foi completada com a fatura de inúmeras tonalidades da ramagem com finos pinceis esbatidos e usando a ponta de madeira dos mesmos, dando movimento ao que aparentemente não se move. Os ramos e sua vegetação parecem bordados por exímia fiandeira, tal a minúcia na execução. O pintor Estêvão aí está de costas para nós, subindo a aleia em direção aos colegas, que trabalham na parte superior. Será que é possível alguém esquecer este quadro?
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