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OBRAS IMPORTANTES DE GUIGNARD EM DESTAQUE
COM A ANÁLISE DO PROFESSOR PIERRE SANTOS
A Verlaine, la gloire eternelle, 1925, 001-25,ssp, 40 X 29 cm.
A cabeça de Verlaine (006) laureado por anjos esvoaçantes quase dissolvidos entre linhas, feita em sépia sobre cartão, em 1925, contracenando com Notre Dame ao fundo, é de uma beleza inefável. A impecável fluidez linear, a atmosfera de alegoria e a sábia dosagem dos dois tons de sépia fazem desta obra algo inesquecível. O volume da cabeça de Verlaine, mais alma do que carne em sua transparência, qual se santo fora, mais diáfano acima, mais consistente abaixo, é-nos revelado pelos pêlos temporais mais fluidos e da barba mais substanciosos, sustentado, à esquerda, pelo galho de láurea sobre a barba, feito com bico de caneta em tom mais escuro e, à direita, pela Catedral de Notre Dame, por detrás da qual se põe o sol, radiante, imponente, como que homenageando o poeta. E ali surge e cresce, como onírica aparição acima de todas as possibilidades, a face do poeta, boca e nariz apenas insinuados, olhar perdido em cismas de olhos assomados do mundo de sonhos, qual se intuísse ali a ode das odes.
Na parte inferior, nada de pescoço ou busto, mas somente soltas e leves sugestões lineares e a singela homenagem do pintor ao poeta: A Paul Verlaine, la gloire eternelle. De sã consciência, não sei dizer se se trata de uma homenagem gráfica a Verlaine ou se de uma poesia desenhada em seu louvor.
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