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OBRAS IMPORTANTES DE GUIGNARD EM DESTAQUE
COM A ANÁLISE DO PROFESSOR PIERRE SANTOS
Gêmeas Lea e Maura, 1940, 003-40, ost, 110 X 130 cm. Col. MNBA.
Raríssimos são os quadros de Guignard que nos apresentam um background assim tão detalhadamente trabalhado. Sem dúvida alguma, a reprodução desta pintura acima mostrada é muitas vezes menor do que o original, medida em que também crescem os pormenores, o que facilita um pouco a execução de cada detalhe. Mesmo assim, eles são muitos e devem ter tomado muitos dias do pintor. Em matéria de detalhes, a primeira zona não fica atrás. Reparemos na preocupação do artista com as minúcias, desde os ladrilhos do piso – vistos nas laterais do sofá e sob ele, entre os corpos das moças – até os do parapeito colocados numa armação inclinada; os desenhos são caprichosamente reproduzidos. Destaquem-se os entalhes do sofá de madeira e do coxim de complicado desenho em traços brancos sobre fundo
vermelho-rosa. Acredito que o material do sofá era ébano, com entalhes decorativos de arabescos, volutas e florais muito bem esculturados, de que o mestre soube tirar particular partido. Por incrível possa parecer, o mais fácil para ele foi fazer os dois retratos. Estava tão treinado no gênero, que não teve dificuldade. As gêmeas estão usando vestidos absolutamente idênticos, muito simples, de cor branca, cheios de pequenas flores como padrão, o mesmo penteado, o mesmo recato. Mas como nada escapa à sagaz observação do artista, na hora de perscrutar a alma delas, que diferença entre elas! Nas fisionomias e nos olhos tal diversidade fica patente. Enquanto Lea é dócil e confiante, esboçando um longínquo sorriso e mostrando-se bastante sociável, Maura é tímida e sisuda e absolutamente séria, mostrando-se esquiva e menos sociável; até fica parecendo que Maura só está posando por insistência do pai, a quem nosso pintor só fazia este retrato duplo – e parece-me ser o único assim pintado por ele – para agradar. Todavia, sua entrega à feitura desta obra foi tão grande, que acabou fazendo um de seus mais belos quadros, pelo menos o mais conhecido tanto aqui, quanto no estrangeiro, pois já foi visto em inúmeros países, participando de mostras internacionais de arte brasileira, principalmente nos continentes americano e europeu.
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