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OBRAS IMPORTANTES DE GUIGNARD EM DESTAQUE
COM A ANÁLISE DO PROFESSOR PIERRE SANTOS
Guignard, Via Sacra, osm, 006-60, 40 X 40 cm , cena da Crucificação, décima segunda estação.
No décimo segundo passo da Paixão de Cristo, Guignard houve por bem colocar a Crucificação. Tudo aí – cores, formas, moções, aspectos psicológicos – fala de desolação, desesperança, angústia contida, impotência ante o ato monstruoso que ali acabou de acontecer. Jesus está agonizando. Os dois soldados a cavalo, movidos por estranha e inexplicável impiedade, ainda tentam atingi-lo com suas lanças. Sequer respeitam o sofrimento das mulheres – Virgem Maria e Maria Madalena – sentadas ao pé da cruz, lastimosamente derrotadas pela dor.
O pintor situou os dois cavaleiros numa posição tal que, com os morros escuros das laterais acima deles e as nuvens negras do céu, formam perfeito contorno, destacando o corpo verde do crucificado, que parece já estar em ascensão. Trinta e três soldados – quantos eram os anos de Jesus – por aí se postam, à espera do desfecho de tudo aquilo, imóveis, porquanto todas as maldades possíveis e impossíveis já tinham sido cometidas e, agora, era só aguardar o inevitável. O próprio sol, sentindo-se débil, flutua impotente sobre as águas de um rio ou de um mar, sei lá!
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